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  • Foto do escritorJu Ferreira

Uma conversa sobre empatia

Ou como acabar com a síndrome do “ele não me entende” / “ela não me entende”



Você fala, fala e fala com a pessoa e durante toda a conversa tem uma única certeza: ele (ou ela) não me entende! Já passou por isso? Aposto que sim. Pode ser com alguém que acabamos de conhecer, com o chefe ou um colega de trabalho ou com alguém da família. Sempre tem aquela pessoa que nos faz sentir como se falássemos uma língua estrangeira, ou até extraterrestre. O problema é quando temos essa sensação ao conversar com alguém muito próximo a nós!


Num relacionamento a dois, a comunicação é essencial. Quando não há compreensão, o diálogo sofre e as discussões começam. Falta paciência, sobra insatisfação. A intolerância e o egoísmo se instalam. Quando não há entendimento entre o casal, a conversa cessa e dá lugar à solidão a dois. E não há relação que sobreviva a esse isolamento!


Alguma vez você já viu, na mesa ao lado, um casal fazendo uma refeição sem se falar? Eles nem cruzam os olhares, cada um imerso no seu próprio mundo, um dos dois mexendo na comida, talvez olhando o celular, talvez repassando uma conversa que teve no escritório, ou pensando num programa de televisão que verá depois. Acontece que a coisa não chega a esse ponto do dia para a noite, o problema nasce devagarzinho. Tudo começa com um assunto: um tema que era importante pra um dos dois, e o outro não deu atenção. Depois disso, vem aquela vez que um está perdido, precisando de um conselho, e o outro dá imediatamente a resposta mais fácil, sem nem terminar de ouvir o problema. Logo, sempre que um quer contar uma história, o outro aumenta o volume da TV; sempre que um quer reclamar de uma situação, o outro interrompe – sem tempo pra escutar. Quando eles percebem existe uma distância enorme entre os dois e um muro alto no meio do caminho.


A boa notícia é que existe um antídoto para esse problema. Ele se chama empatia. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender as emoções e sentimentos do outro. Parece simples, não é mesmo? Então porque será que tanta gente se sente incompreendida?


Eu conto pra você o porquê: empatia demanda tempo e atenção. Duas coisas que estão em falta no mundo moderno. Empatia não significa simplesmente responder uma mensagem de texto, ou ouvir parte de uma história e concordar com a pessoa. Trata-se de realmente se colocar nos sapatos do outro e enxergar o mundo sob a sua perspectiva. É necessário despir-se de todo o preconceito e julgamento. No campo da empatia é indispensável a compreensão e a compaixão.


Mas é aí que vem o pulo do gato!! Quando você dedica tempo e atenção para alguém e deixa de lado a sua necessidade de criticar e julgar (isso inclui esquecer também, por um momento, a sua necessidade de estar certo!!) e se concentra em realmente entender as questões do outro, as ações do outro, as emoções do outro, você destrava as portas de um mundo maravilhoso de cumplicidade e sintonia.


Quando existe um ambiente de empatia no relacionamento, as pessoas se sentem confortáveis não só para contar as pequenas coisas da vida, e compartilhar os momentos, mas também pra dizer que estão erradas, ou que fizeram uma besteira, ou pra dizer que não sabem o que fazer, ou que não sabem o que estão fazendo... Empatia é sobre construir um lugar seguro para você conviver com alguém.


Então pra acabar de vez com esse clima de “ele não me entende” ou “ela não me entende”, veja algumas dicas para desenvolver mais empatia no seu relacionamento:


Reserve tempo para conversar com o seu amor

Uma das coisas mais importantes, no que diz respeito à comunicação empática, é entender de verdade o que a outra pessoa está dizendo. Como podemos fazer isso, se não dedicamos tempo para ouvir e nos sintonizar com o ponto de vista do nosso par?


Desligue a TV e deixe o celular de lado

Poucas coisas roubam mais a nossa atenção do que esses vícios eletrônicos. Para construir empatia é preciso dar valor ao outro, e isso inclui oferecer a nossa concentração sincera ao que o parceiro está contando.


Ouça atentamente sem interromper

Muitas vezes, o outro mal começou a falar e já queremos intervir, dar nossa opinião.... Resista à tentação de cortar a fala do seu amor. Ouça com atenção o que ele tem a dizer, até o final. (Mas é com atenção mesmo, tá?! Não é pra escutar já pensando na resposta que vai dar quando o outro parar de falar!)


Pergunte, pergunte, pergunte

Empatia é sobre entender o outro, sobre ver o mundo sob a ótica do outro.... Mas como fazer isso sem perguntar para o parceiro como ele vê o mundo? Faça perguntas que ajudem você a compreender o que o seu amor faz, pensa, sente... Só assim você conseguirá realmente se colocar no seu lugar.


Evite criticar o seu parceiro

Muitas vezes, quando estamos conversando com alguém, achamos que sabemos mais sobre aquele tema, e enxergamos os erros da pessoa, queremos contar um jeito melhor de fazer aquilo. Mas ao abrirmos a boca, nossa fala sai em tom de crítica, e a pessoa sente como se estivesse num julgamento!! Aí a conversa fica pesada e tensa.... Não vale a pena! Sempre que tiver uma opinião contrária à do seu par, expresse-se com amor, ressalte os pontos positivos e traga ideias construtivas, sem condenar o parceiro.


Deixe de lado a mania de querer estar certo

Ainda não foi inventado um prêmio para “a pessoa que está certa o maior número de vezes em uma relação”.... Então qual a vantagem de dizer “eu avisei você”, ou “você está errado”, ou ainda “você sabe que eu tenho razão”? Nenhuma, certo?! Frases como essas adicionam uma dose desnecessária de tensão às conversas e às vezes transformam bate-papos em discussões acaloradas. Então vamos jogar fora todas essas expressões?


Cuidado com a sua postura e seu tom de voz

Existem estudos que afirmam que a comunicação não verbal – expressão corporal e tom de voz – é responsável por quase 90% do entendimento da mensagem. Isso significa que não adianta falar as melhores e mais amorosas palavras para o seu parceiro gritando, ou com uma postura agressiva. Lembre-se que a empatia é se colocar no lugar do outro: se estamos realmente tão junto do outro, não precisamos gritar, podemos falar baixinho e ser ouvidos e compreendidos.

Seguindo essas dicas, a empatia florescerá no seu relacionamento e junto com ela, a compreensão e a compaixão. Assim conseguiremos mudar a expressão “ele não me entende” / “ela não me entende”, por “só ele me entende” / “só ela me entende”!


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Artigo publicado originalmente no blog do Par Perfeito, em 03/05/2018.


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